sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

VÁRIOS TIPOS DE BUNDA

  
           Dirceu Ayres

Tem bunda sôrta qui sarta
Tem bunda de todo jeito
Bunda baixa, bunda arta,
Bunda em coipo perfeito.
Tem bunda preta, tem branca,
Tem bunda que é indigente
Tem quá arde iguá pimenta
Queima mão poi que é quente
Sei que tem bunda covarde
Quem tem a bunda valente.

Uma bunda esquisita
Outra cheia de espinho,
Outra em mulher bonita,
Outra esperando carinho,
Outra que tem foimusura
É quage torando a cintura
Enchendo a vista da gente.
Vai passá na minha frente
Dôi rebolo balançando
Iguá cobra em terra quente.

Bunda gorda arredondada
Na cintura fai barrica
Bunda meio entortada
Nem sei Cuma é que fica.
Tomba aqui, tomba acolá
Nem sei Cuma não se cansa
Não sei Cuma vai ficá.
Deve ser bunda valente
Vou jogá-la praculá
Prá cabra macho amansá.

Um dia um amigo meu
Danou-se a me preguntá
O que se faz prá amansá
A muié do amigo meu?.
A mulher do meu amigo
Vai apostar eu lhe digo
Sua bunda é um perigo,
Ele mesmo se perdeu.
Agora prá seu castigo
Ela anunciou e vendeu.


Um dia um outro amigo
Veio a mim perguntar
Casado como é que é,
Como é tua muié?.          
Eu passei a lhe contar:
Falando bem direitinho
Do jeitim qui prá mim é.
 Rabuda, toda faceira
Coipo cheio, aima intêra
Assim é minha muié.


 Pra mim é muito bonita.
Dessas feme introncada,
Foi bem feita e acabada
Dessas muié que é artista.
É pura loira e é bacana
Cabelo grande de cigana
Vai inté artura da pista.
Onde a lombada alevanta
Tão arta que perde a vista
Dôi monte que traz ganança. 

Quando lembo, tô vendo,
Uns gaiatos como o cão,
Vou logo arrespondendo
Na bucha com sastifação,
Peiguntas que fizeram
Para me tirá do séro,
Não pudero fazér não.
Sou o dono do coipão
Eu amunto nele em osso
E me agarro ao pescoço. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O PEDIDO

   
Gente que faz um pedido
E lhe chega bem menor,     Dirceu Ayres
Se depois pedir maior
Aí vem grande demais.                 

Com tamanhos desiguais,
Vai perder prós encolhidos
E se um sai mais comprido
Às vezes é bom demais.

Usando a imaginação,
Um cresceu, outro encolheu
O tamanho que cresceu
Aconteceu com o mulherão.

Em casa, na rua do cabaré
E nessa casa foi morar
Na intenção de se casar
Com o moreno Zé Mané.

Já na cama ele foi fraco
O pinto era pequeno
Mulher boa, um veneno;
Ele com pinto de gato.

A mulher não quis gostar
Queria mais comprimento
Procurou o Doutor Bento
Prá com jeito aumentar.

Disse o Doutor, se estirar
Vai ser coisa muito pouca,
E a mulher quase louca,
Disse: Doutor faz crescer
É ruim você comer
Sem sentir nada na boca.

Mas não desprezou Mané,
Dele tinha muita pena,
Achava a colher pequena
Prá mexer o seu café.
Vou arranjar outro macho
Talvez me saia melhor
Sem feira fico pior
Mas um bem dotado eu acho.

A mulher já conquistou
O tal de Picasso Gomes
Interessante o seu nome
Com esse ela se agarrou.
E prá não largar o outro
Combinou com o Mané
Não ter briga prá depois
Ela foi morar com os dois.

Assim eu faço Mané,
Uma noite é de Picasso
A outra noite é do Mané.
Só que a noite, hora do gás
Aí a mulher deu fé;
O Picasso era demais,
Ela pinotou prá trás
Desse tamanho jamais!!.

O Picasso se mexeu
Prá fazer amor bonito
A mulher deu logo o grito
Que o colchão amoleceu.
Vestiu a roupa e correu
E prá não perder embalo
Foi ver seu irmão Gonçalo,
Disse: encontrei um cavalo.

Pois eu que nunca fui à égua
Encontrei esse Picasso
Que tem um bicho de aço
Ele mesmo é um Pai-dégua.

Logo depois do cansaço
Procurou o Doutor Bento
Desse jeito eu me arrebento
Com esse homem Picasso
Se transar eu não agüento
Me diga o que é que eu faço,
Pois Mané tem dez por cento.
Se tentar eu me esbagaço
Mané herdou a do gato
E Picasso a do Jumento.

Doutor disse esse favor
Que eu lhe faço de graça
Como você quer que faça
Eles nem sentem a dor.
Vou cortar sem darem fé;
Um palmo acima em Picasso
Depois prego em Zé Mané.

Se provar e tudo em paz
Casada com dois maridos
Quenga nos dois sentidos
Moça com os desiguais,
Um com pouco, outro demais.
Num o Gato dengoso,
Noutro o Jegue fogoso
Vai ficar tudo gostoso.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O GUIA

             
                               Dirceu Ayres

Venha comigo quero ser teu guia,
Esse caminho que entrarás conheço,
Venha; mostrar-te-ei todo o tropeço,
Antes como tu, eu também não via.
Hoje eu sofro, sei; bem o mereço,
Se eu fosse precavido não teria
Feridas dos desvios  que eu seguia,
Tropeços causados ao meu começo.
 
Como teu guia  agora me ofereço,
assim nunca andarás desnorteada,
Se escutar-me te direi como faria,
Se eu tivesse um guia do meu lado,
mostrando-me como evitar o fado                    
Que antes como tu, eu desconhecia.          

Serei teus olhos, linda criatura
Levar-te-ei na senda mais correta
Serei teu escudeiro, coisa certa,
Minhas intenções serão bem puras.
Nunca terás nenhuma amargura
Seu fiel escudeiro lhe protegerá
Das pedras que no caminho surgirá,
Suas intenções sempre serão puras.

O seu guia com orgulho eu serei.
Ser seu guia, isso não for bastante,
Serei um orgulhoso acompanhante
Que a seus pés satisfeito eu estarei.
Respirarei por você, sou seu pulmão,
Limparei o seu sangue, sou seu rim,
Ser seu fígado, tua bexiga, tudo enfim
E com cuidado zelarei seu coração.     

O IMORTAL

                         
                                            Dirceu Ayres
Sei que a vida é um jogo
E a vida, é boa de viver,
Sem “maribondo de fogo”
Má imortal eu devo ser.
Não sei fazer essa ironia
O rompante é que desgasta,
Sem fazer nada, não ia!
Receber tudo de graça.

Também sei usar a lábia
Isso também me irrita
Sou pessoa muito sábia,
Mas isso não justifica.
A morte quer me levar
Não concordo com ela não,
Primeiro quero tentar
Vestir belo GALARDÃO.

Academia de imortais
É lugar que vou estar
Não penso nunca jamais
Essa idéia de largar.
Imortal, sei sim senhor,
Pois é isso que imagino
Nunca fui um perdedor
Vencer é o meu Destino.

Imortal, eu bem serei!
Pois eu sempre fui assim
Meu tempo eu gastarei
Não achei a vida ruim
Eu estou tentando agora
Minha vida melhorar
Vou ficar aqui por fora
Um pistolão arranjar.

Pois eu penso que seria
Difícil sim até demais,
Sem escora eu não podia
Ser mais um dos imortais.
Esse Dirceu é demais
É autêntico esse rapaz
Não duvide ele é capaz
De ser um dos Imortais.

Más agora ta tentando
Na academia entrar,
Continuar até sonhando
Pois pretende estrear
A vestimenta estranha
Que eles têm de usar.
Meu alfaiate esperando
O que ele tem de aprontar.

Aqui não digo besteira
Por sonhar, não estranhar,
Tenho idéias Brasileiras
Que nunca vão acabar.
Vou pra essa academia
Custe tudo que custar
Aprender Filosofia
Para a vida melhorar.

Tentarei a Academia
Como fez o Zé Sarney
Fazer tudo diferente
Não fazer o que ele fez.
Escreverei com estrondo
Tudo que ele não escreveu
É de fogo o maribondo,
E de gelo esse Dirceu.

Vou ficar muito famoso
Vestindo esse galardão
Lá vai o Dirceu tinhoso
Vestindo aquele roupão,
Elegante e bem jeitoso!
Dirá logo o Zé povão
Não vou ligar para povo
Pois é esse o meu jeitão.

sábado, 1 de setembro de 2012

Germe do amor, Sonho Utópico

                           Dirceu Ayres

Queria que o amor em mim germinasse,      
Que uma semente forte em mim crescesse
Durante a vida, ela robusta florescesse,
E em minha alma com ternura ele brotasse.
E depois que crescesse galhos em cada canto
Por janela parede, e fenestra extrapolasse,
Nas casas fronteiras e vizinhas penetrasse
Soltando odores que exterminasse o pranto.
                                  Que em cada casa nova, em novo canto,
Crescesse, florescesse e se expandisse,
E em cada casa ele assim se repetisse
Brilhante qual o brilho de um manto.   

                             
Que enchesse todo o bairro canto a canto,
Mavioso de amor que todos ouvissem,
E ouvindo, que todos também sentissem
E mandassem para longe a dor do pranto.     

                              
Que toda a cidade então enraizada              
Que meu sonho, de amor todos sentisse    
E que o país assombrado o exemplo visse
E encetasse com ardor essa caminhada.
                               E a nossa terra fosse toda iluminada
Pelo meu amor que a todos atingisse,
com o tal paraíso como eu predisse,
Como estrela brilhante, já chegada.     
Esse sim era o meu grande sonho,
Como todo sonho esvaeceu-se, já era        
Destruindo a alegria que me dera,
Diante de um amanhecer tristonho.

MARIA JOSÉ

                   Dirceu Ayres

Maria José um mulherão,
Com cabelo bem comprido
abraçá-la, era comigo!
Com amor e mais paixão.

O cabelo que ela tinha
Que vinha até a cintura
Não tinha grande altura
E as pernas, eram sós minha.

A coxa que era bem grossa
Os peitos, a grande atração,
Nádegas  era uma tentação,
Paixão assim, Homem gosta.

Não tão alta, nem baixinha!
Com o corpo tão bem feito
Bem redondo era seu peito
Toda bem reconchudinha. 

Seu cabelo era tão grosso
O olhar, calmo tranqüilo,
E eu só pensava “naquilo”
Com o amor até o pescoço.

Se souber que está querendo
Meu amor grande que espanta
Comigo que tudo levanta
Mesmo com os ossos doendo.

 Meu pensamento tem luz
Qual estrela vespertina
Que está brilhando ainda,
Com um brilho que seduz.

Muito linda como ela é
É fortinha sem barriga
Não conserva inimiga
Também se chama Zezé.

 Eu que mantenho um amor
Que é forte e bem profundo
Não tem igual nesse mundo
E que sempre me causa dor.        

DEBUTANTE YANDRA

                                                
                  Dirceu Ayres

Igual crisálida em casulo recolhida
Vive a doce infância das meninas,
Cheias de graça, raça, franzinas,
A espera de despertar para a vida.

Logo emergem lindas e coloridas,
Quais borboletas, extrovertidas,
Radiantes de amor e de candura,
Revelando facetas da mais pura
As beldades feminis adormecida.

Tão lindas as jovens debutantes,
Que eternizam em breves instantes,
As promessas que o amor e a vida
Oferecem e já são fiéis depositárias,
Se manifestarão de formas várias
Espalhando as sementes em si contidas.

Logo, logo, serão as jovens noivas,
Jovens mães de família, sempre belas,
E novas debutantes virão delas
Em sucessivas ondas, quais bailados
Prova do amor de Deus pôr nós, mortais,
Nelas vemos a promessa que jamais
Seremos em seus pensamentos apagados.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

AGORA SÓ A SAUDADE.

         DIRCEU AYRES

Sumiu meus dias de sonhos
Só me resta a esperança
De voltar dias risonhos
Tendo dias de bonança.              
O meu sonho de menino
Ser poeta e trovador
Más o ingrato Destino
Fez de mim um sofredor.

Eu queria ser famoso
Vi meu desejo frustrado
Depois de velho acabado,
O comentário é jocoso.
Venho do interior distante
Onde passei minha infância
Lugar simples, aconchegante
Lembro e fico ofegante.

A velhice foi chegando
Dizem que é a melhor idade
Eu conservo a saudade
E isso está me matando.
A velhice é decantada,
Isso tudo com cinismo,    
Pois a idade avançada
Trás a dor e reumatismo.

Velho, o que tem embaixo
Coitado, nem sequer bole,
Pinto que pia mais baixo
E o saco igual a um fole.      
Agora olhando o mundo
Não enxergo mais beleza
Estou quase moribundo
Achando a morte, Beleza.