domingo, 9 de outubro de 2011

Amargo Pensamento

        Dirceu Ayres                                    

 

Deixo escapar, estou distraído

Parar de chorar não me conteve
E de tão ardente busquei abrigo,
Quando encontrei, não me deteve.
Não me deteria, que agonia;
Com a timidez de aparecer,
Aconteceria a qualquer dia
Logo depois, vou me esconder.      

Não seria justo, esse meu sofrer,
A emoção é grande. Dá calafrio;
Não gritar, estaria a emudecer,
Sinto dentro de mim grande vazio.
Esquecer o pensamento, esse maldito;
Não o abafaria com mais outro soneto
Para colocar nas coisas que eu acredito 
Pregam em meu coração mais um espeto.         


Sozinho sentindo tanto a solidão
Com o meu cálice de amargura,
Levo uma vida quase tão impura
Tal ladrão que roubou São Semião.
Tão sozinho, vou vivendo nessa vida;
Como homem, viveu sem a parceira;
Minha angústia que cheia de bobeira
Espera a hora da minha despedida.       

“A LÍA”

    Dirceu Ayres                                     

Trinta anos se passaram
Que com jeito agi ligeiro,
Pra namorar a menina
Que veio do Rio de Janeiro.

Moça nobre e atraente
Dessa que engana a gente,
Bem comportada a menina
Ela é bem mais decente.      

Depois que a conheci
E com ela namorar,
Pra devaneio parti
E com ela fui morar.

Pra engordar meu orgulho
Dois meninos vi chegar,
Para mim não foi um entulho
Vi a casa se enfeitar.

Agindo dessa maneira
Sem com isto me gabar,
Deixei de fazer besteira
Fui minha vida cuidar.

Hoje sou muito orgulhoso
Vi crescer e se arrumar,
Esses meninos dengosos
Depois um deles, casar.

O outro está sonhando
Com a mulher que chegará,
Enquanto isso, estudando;
Para a vida melhorar.

O mais velho diferente
Arranjou para casar
Uma moça inteligente
Que conosco veio morar.

O Pai velho adotou
Essa menina bem fina
Quando ela aqui chegou
Chamava-se Catarina.

A bem dizer a verdade
Esse nome não a define,
Com muito mais qualidade
Ela se chama KALLYNE.

Acostumado a ter
Genro sem qualidade
Agora passou a ver e ter
Uma genra de verdade.

Enquanto isso a Lia
Orgulhosa do rebento
Todo trabalho fazia
Sem encostar-se a assento.

A velhice foi chegando
Pegou-lhe desprevenida
Umas dores arrumando
Má sempre teve guarida
Eu por aqui vou ficando
E cuidar da minha vida.

A querida agradeço,
 Amor que me dedicou
Amou sem jeito, sem preço,
Pra chegar aonde chegou
Considerar os tropeços
Que a vida lhe pregou.