segunda-feira, 5 de março de 2012

PERERECA SEM CALCINHA

                 DIRCEU AYRES
Já vai longe a modinha
Moda que ficou falada
Agora é sem a calcinha
Com perereca raspada
Minissaia bem plissada;
E quem mora no nordeste
Isso tudo vira um teste
Com perereca imprensada.    

Não sabemos a razão
Prá detonar a calcinha,
Pra coçar só mete a mão
Com terra, sal ou farinha;
A perereca bem danada
Vai sair toda melada
Procurando a camisinha

Da origem não se sabe
Nada da veste atraente,
Talvez no tempo da Eva
Com a folha previdente;
Ou a folha mais espessa
Que não deixava a cabeça
De o Adão seguir em frente.

Criaram logo uma grife
Calcinha prá todo gosto
De seda, lycra ou renda
Outras com tudo exposto;
Tem até frase picante
Outras picadas errantes
Inda manchadas de mosto.

Agora só quero é ver
Como a moda vai pegar
As “coisas” só vão subir
Se a mulher se abaixar;
Se subir uma escada
É certo que alguma espada
Vem alguém prá empunhar.

Nos ônibus, em coletivo
Pererecas
vão passar
Com calor de suas bandas,
Vão fazer por transpirar
E se abrir o banheiro
Surge logo aquele cheiro
Bom lugar pra se lavar.      
Se essa moda pegar
Com avanços que virão
As cuecas acabarem
O Pinto fica na mão;
Prá amansar perereca
O homem sendo atleta
Pode usar o bom bastão.

Se com isso retrocedo
Ao nosso velho moral,
Pelo que vem a vantagem
Já no seu ganho mensal;
Toda faca tem dois gumes
Tem o vício e os costumes
E isso pode fazer mal.

Agora com mais respeito
Uma maior contenção
Pela brecha faz a mira
Nem se contem excitação.
Com descontrole geral
Tudo gira, para em pau,
Má se transforma em tesão.

Portanto, é bom pensar
Se há clima para isso
Se a mulher quer arriscar
Um problema tão roliço;
Porque mulher verdadeira
Não vai deixar de bobeira
O seu bichinho maciço.

Longe a moda da calsola
Moda que ficou prá trás
Isso a ninguém consola
A mim e a ninguém mais.
Essa moda é aloprada
Pois usando essa calcinha
Só cobrindo a beiradinha,
A  periquita abandonada.