sábado, 5 de novembro de 2011

MINHA AMADA, MEU AMÔ

DIRCEU AYRES          
Quando amo, nem enxeigo
Defeito que a muié tem,
Com a perna que é torta,
Anda bem e não importa.

Além disso eu que vivo         
Na franqueza e no amô
Não casei com a muié
Prá ela sê jogadô.

Com a boca tão banguela,
Não tem o dedão do pé,
Mái eu sei que sem o dedo
Não dexa de sê muié.

Sei que tá pôco coicunda
E tombem não tem cabelo
Com nariz que já tá torto,
Prá mim não é pesadêlo.

Sei que só tem uma orêia
Escuita com oivido só,
Tem gente qui nem escuita,
Poique vou querer mio?.

Com a fala tão fanhosa
Foi o qui disse a dotôra,
Mai eu não quero a muié
Para ser uma locutôra.

E na mãozinha dela
Tá fartando o polegá,
Ela nem toca violão
Prá qui se preocupa!.

Tem um nariz todo torto
I dá carinho prá home,
Muié com nariz bonito,
Todos são de silicone.


Eu sei qui ela é gága
Mai é encantadora
E daí, eu não a quero
Para ser arguma cantôra.

Tem sua muié interinha,
Não quêra a minha não,
Se preocupe cá sua,
Cuidado com Ricardão.

O povo fala na rua
Que vivo um pesadelo
Tudo inveja, ela magrela,
Só parece uma modelo.

Meu amô esconde tudo
Gosto dela mermo assim,
Tem os ôssos bem miúdo.    
Dedica-se só prá mim.

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