DIRCEU AYRES
Com a boca tão banguela,
Sei que tá pôco coicunda
Tem um nariz todo torto
Quando amo, nem enxeigo
Defeito que a muié tem,
Com a perna que é torta,
Anda bem e não importa.
Além disso eu que vivo
Na franqueza e no amô
Na franqueza e no amô
Não casei com a muié
Prá ela sê jogadô.
Com a boca tão banguela,
Não tem o dedão do pé,
Mái eu sei que sem o dedo
Não dexa de sê muié.
Sei que tá pôco coicunda
E tombem não tem cabelo
Com nariz que já tá torto,
Prá mim não é pesadêlo.
Sei que só tem uma orêia
Escuita com oivido só,
Tem gente qui nem escuita,
Poique vou querer mio?.
Com a fala tão fanhosa
Foi o qui disse a dotôra,
Mai eu não quero a muié
Para ser uma locutôra.
E na mãozinha dela
E na mãozinha dela
Tá fartando o polegá,
Ela nem toca violão
Prá qui se preocupa!.
Tem um nariz todo torto
I dá carinho prá home,
Muié com nariz bonito,
Todos são de silicone.
Eu sei qui ela é gága
Mai é encantadora
E daí, eu não a quero
Para ser arguma cantôra.
Tem sua muié interinha,
Não quêra a minha não,
Se preocupe cá sua,
Cuidado com Ricardão.
O povo fala na rua
O povo fala na rua
Que vivo um pesadelo
Tudo inveja, ela magrela,
Só parece uma modelo.
Meu amô esconde tudo
Meu amô esconde tudo
Gosto dela mermo assim,
Tem os ôssos bem miúdo.
Dedica-se só prá mim.
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