Dirceu Ayres
Deixo escapar, estou distraído
Parar de chorar não me conteve
E de tão ardente busquei abrigo,
Quando encontrei, não me deteve.
Não me deteria, que agonia;
Com a timidez de aparecer,
Aconteceria a qualquer dia
Logo depois, vou me esconder.
Não seria justo, esse meu sofrer,
A emoção é grande. Dá calafrio;
Não gritar, estaria a emudecer,
Sinto dentro de mim grande vazio.
Esquecer o pensamento, esse maldito;
Não o abafaria com mais outro soneto
Para colocar nas coisas que eu acredito
Pregam em meu coração mais um espeto.
Sozinho sentindo tanto a solidão
Com o meu cálice de amargura,
Levo uma vida quase tão impura
Tal ladrão que roubou São Semião.
Tão sozinho, vou vivendo nessa vida;
Como homem, viveu sem a parceira;
Minha angústia que cheia de bobeira
Espera a hora da minha despedida.
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