sexta-feira, 15 de junho de 2012

ÁÇO DE BOA TÊMPERA



                DIRCEU AYRES

Meu aço não destempera
Pois sou de aço forjado,
Não vivo destemperado
E comigo não se espera.

Sou aço inoxidável
No fogo eu fui forjado
Depois eu fui molhado,           
Bem tratado e moldável.

Com raiva sou ferro em brasa
Na água eu fui temperado,
Ferro Gusa misturado
Para um aço bem tratado.

Na forja eu fui derretido
Peguei forma com o malho
Faíscas que eu espalho,
Bom estar de bem comigo.

Leva ao fogo, destempera;
Agulha, carro, caminhão,
Canivete, faca e facão,
No forno o aço tempera.

Fabrica ponta de flecha,
Usa o aço prá canhão,
No ponteiro do ferrão
Prá tudo o aço se presta.

Ser de aço como eu sou
Ter a forma tão ladina
Com uso na medicina,
Bisturi pinça e pivô.

Faz a enxada que cave
Após derreter o aço,
De pedaço em pedaço,
Fazem até espaçonave.
Pense como sou homem
De aço todo forjado,
Tenho de deixar legado;
Essa idéia me consome.

Se for o jeito que tem
E outro jeito não há;
O meu jeito é não deixar
O aço, para ninguém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário